“Vejo o nosso futuro muito negro!”

No dia 19 de abril, às 14 e trinta, o jornalista e escritor José Milhazes mereceu lotação esgotada no Auditório do B5, tendo proferido uma palestra cativante durante duas horas. O seu dom da palavra e o seu domínio seguro dos temas, cristalizados em volta da guerra na Europa, prenderam o auditório do princípio ao fim. Professores e alunos colocaram-lhe, na parte final, questões que acenderam o debate.

 

“O NOSSO FUTURO É NEGRO! LAMENTO DIZÊ-LO.”

Foi assim que José Milhazes iniciou a sua alocução, procurando enfatizar o impacto

tremendo da invasão russa da Ucrânia. Profundo conhecedor da Rússia, tendo lá vivido 30 anos e sendo russófono, não consegue fundamentar legalmente a “operação especial” ordenada por Vladimir Putin.

 

“QUEM É O VIOLADO E QUEM É O VIOLADOR?”

No diálogo com o auditório, José Milhazes foi claro e perentório: a invasão russa da Ucrânia viola claramente o Direito internacional, não reconhecendo o direito do povo ucraniano à soberania nacional, nem à inviolabilidade das suas fronteiras.

 

“A EUROPA NÃO REAGIU À ANEXAÇÃO DA CRIMEIA, EM 2014 – FOI ESSE O GRANDE ERRO.”

Foi assim que o orador justificou o desassombro da decisão de Putin no dia 24 de fevereiro do ano passado. Tal como na II Guerra Mundial, quando ninguém reagiu à

anexação da Áustria e da Checoslováquia pelas tropas de Hitler, e depois estas invadiram a Polónia, dando início ao conflito. Por isso, Milhazes critica Lula da Silva, que foi infeliz ao acusar a Europa e os Estados-Unidos de contribuírem para a guerra municiando a Ucrânia: este apoio é necessário para que Putin não tente invadir outros países europeus. Também a sociedade portuguesa mereceu uma crítica contundente por parte do jornalista e escritor, sobretudo no que diz respeito à permanência do compadrio, da

corrupção e da desorganização minando interminavelmente o progresso do nosso país, apelando ao envolvimento desta juventude na participação cívica e política no sentido da erradicação destas práticas seculares.

“A IGUALDADE NÃO EXISTE. SOU A FAVOR DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES.”

Milhazes acredita, de facto, que hoje em dia não há políticas de esquerda nem de direita. Há, sim, ditaduras ferozes de extrema-esquerda ou de extrema-direita, como a China, a Coreia do Norte e a Rússia.

À palestra seguiu-se uma sessão de autógrafos na BE.